Sunday, August 01, 2010

Estive lá


Hoje estava caçando fatos, revirando velharias e me livrando de outras tantas perfumarias materiais inúteis que se acumula na vida. Nunca imaginei que este simples ato devolvesse memórias esquecidas e lembranças de um tempo que odeio amar. Sim, coisas bobas, mas tão bobas que conseguem ser engraçadas. E o engraçado consegue ser saudosista. Tipos, fotos, cartas e vidros de perfumes vazios, talvez aquele chaveiro? Recortes de revistas e jornais... Lembro-me de ter escrito uma vez que objetos contam histórias, alguns inclusive chegam a possuir alma mais viva do que muitos seres que se auto denominam humanos por aí. E essa história está longe de ter um final. Rever todas aquelas coisas que fizeram parte de um passado infindável de amizades, amores, lágrimas e sorrisos. Ortografia errônea em palavras que passam emoção, cores e vibrações que chegam perto de serem sonoras. Tudo isso que senti foi sensacional como uma viagem de LSD, esplêndido como uma noite sem dormir. Lembrou-me Kubrick em todos seus detalhes: disposição dos móveis, paleta de cores e visão extravagante do futuro. O que pensar??? Pergunto pois, como um lugar tão insólito me traz tão profunda inspiração? Acho que consigo sentir a vida e sentir o cheiro pútrido da morte em uma fusão perfeita. Estou inexplicavelmente feliz. Grato pelos frascos, pelas letras em papéis e as imagens que não somente ilustrativas conseguem serem memoráveis. O que passou não volta, mas fica guardado dentro de alguma pílula que em um belo dia, ao rever seu armário você a encontra e toma. Digerida te traz Kubrick, Mozart, Sade, Dante, Quixote e muitos outros velhos amigos que fizeram contigo uma viagem sem volta, ao desconhecido.

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